A produção de um texto requer ordenação lógica, portanto, coerente, das ideias que se pretende divulgar. Por essa razão, costumo recomendar aos meus alunos que, antes de escreverem suas redações, elaborem um planejamento das mesmas, para garantir o desenvolvimento coerente do texto.
Nesse sentido, por exemplo, antes de escreverem um texto dissertativo-argumentativo acerca do tema “A mentira como recurso para desviar dinheiro público”, os alunos deveriam buscar compreender o tema, a partir dos recursos que lhes foram disponibilizados.
Convém lembrar que, no nosso caso, disponibilizamos o filme “Quanto vale ou é por quilo?”, o qual aborda as falcatruas arbitradas por dirigentes de ONGs (Organizações Não Governamentais), para desviarem dinheiro público.
Então, a partir da apreciação do referido filme, os alunos deveriam ter refletido sobre como, muitas vezes, por trás de “boas intenções” estão escondidos os “verdadeiros” objetivos daqueles que se apropriam dos recursos públicos sob o pretexto de promover o bem-estar dos menos favorecidos.
A partir dessa reflexão, os estudantes deveriam: 1º Elaborar opinião sobre a questão apresentada (a tese do texto); 2º selecionar informações, fatos, opiniões etc. que sustentassem a opinião apresentada (os argumentos do texto); 3º exemplificar a discussão fazendo referência ao filme (exemplificação da tese); 4º propor solução para a questão discutida no texto.
Pensar em tudo isso torna-se mais fácil, quando os estudantes, antes de iniciarem a escrita do texto, fazem um planejamento que contempla a estrutura do texto dissertativo-argumentativo e as possibilidades que o tema em voga possui. Veja o modelo:
Planejamento do texto
1º parágrafo (tese): A mentira
constitui recurso para justificar a atuação de ONGs que pregam a realização de
atividades em benefício da população, mas que, na verdade, existem para
garantir o enriquecimento de seus dirigentes.
2º parágrafo (argumento 1): No
Brasil, a atuação de diversas ONGs tem sido contestada pelos meios de
comunicação de massa, os quais evidenciam constantemente as irregularidades
cometidas por instituições que arrecadam dinheiro público, mas não o destinam
para beneficiar a sociedade, e sim para promover o enriquecimento do seus
dirigentes.
3º parágrafo (argumento 2):
Recentemente, o Programa Segundo Tempo - ação do Ministério dos Esportes que
visa à construção de espaços esportivos para beneficiar comunidades carentes e
instituições educacionais - foi alvo de diversas denúncias, veiculadas nos
principais meios de comunicação do Brasil, devido aos recursos desviados por
organizações que se propuseram a concretizar as ações do referido programa.
4º parágrafo (exemplificação): O
filme “Quanto vale ou é por quilo”, dirigido por Sérgio Bianchi, discute as
irregularidades cometidas por algumas ONGs, denunciando a corrupção instalada
na administração dessas organizações.
5º parágrafo (proposta de
solução): A sociedade deve fiscalizar a atuação das diversas ONGs existentes no
Brasil, a fim de evitar que essas instituições desviem o dinheiro público.
ATENÇÃO: O planejamento deve servir para o estudante organizar as
ideias, distribuindo-as, coerentemente, entre os parágrafos do texto. No
entanto, não devemos imaginar que o planejamento já seja o texto em si; haja
vista que, após planejadas, as ideias precisam ser estruturadas, para compor
texto que respeite a norma culta da língua e que relacione, de forma lógica, as
informações, os fatos, as opiniões, os exemplos e a proposta de solução a serem
evidenciados no texto.
A transformação do planejamento em texto
ONGs: mentiras e desvio de dinheiro
público
Várias
organizações não governamentais, doravante
ONGs, prometem realizar ações para
beneficiar a população, mas acabam
utilizando as quantias arrecadadas em benefício daqueles que as administram. Dessa maneira, a atuação de algumas pessoas
não comprometidas com o bem-estar social evidencia que, no Brasil, muitas vezes, a mentira constitui estratégia para
garantir o desvio de dinheiro público. Isso
prejudica toda a sociedade, pois os
recursos financeiros aplicados nessas instituições, que deveriam ser usados em prol dos menos favorecidos, acabam
promovendo o enriquecimento ilícito de dirigentes corruptos.
Por essa razão, há atualmente no Brasil
veículos, pessoas e instituições – notadamente
os meios jornalísticos, os movimentos sociais, o ministério público e os órgãos
fiscalizatórios - que contestam a
atuação de diversas ONGs. Geralmente,
as denúncias de corrupção envolvendo essas
entidades partem da mídia e alcançam diversos setores sociais, visando a
evitar que irregularidades sejam cometidas por organizações mal administradas, onde o dinheiro público, quase sempre,
é desviado para assegurar o beneficiamento de poucos, principalmente dos próprios
dirigentes dessas instituições, e não
das comunidades para as quais fora destinado.
Nessa conjuntura, o Programa Segundo
Tempo - ação do Ministério dos Esportes que visa à construção de espaços
esportivos para beneficiar comunidades carentes e instituições educacionais -
foi alvo de diversas denúncias, recentemente veiculadas nos principais meios de
comunicação do Brasil (Rede Globo, Revista Veja, Jornal Folha de São Paulo,
dentre outros), devido à malversação
dos recursos destinados às diversas ONGs que se propuseram a executar ações
relacionadas ao referido programa. Esse repertório de denúncias tornou
público que organizações, supostamente bem-intencionadas, costumam enganar a
sociedade, quando utilizam verbas
públicas para finalidades diferentes daquelas a que foram destinadas; ou seja, usam a mentira como recurso
para desviar dinheiro público.
Assim, torna-se necessário evidenciar
aqui algumas denúncias feitas no filme “Quanto vale ou é por quilo”, dirigido
por Sérgio Bianchi, que, dentre outras coisas, questiona as atividades de
algumas instituições cuja retórica
apregoa a realização de ações em benfeitoria dos mais necessitados, entretanto as práticas evidenciam, de
forma escandalosa, a corrupção do bem comum. Nesse filme, as ONGs são retratadas como entidades, apenas aparentemente
sem fins lucrativos, porque usam a mentira para enganar a sociedade e obter
dinheiro público, prometendo auxiliar crianças carentes, porém, no fundo, acabam promovendo o enriquecimento dos seus
dirigentes, por meio do
superfaturamento de bens e produtos adquiridos. Através dessas acusações, o filme propõe um debate de grande
interesse social: para muitas organizações não governamentais, as benfeitorias
prometidas não passam de mentiras para usurpar o dinheiro público.
Combater
a ação de instituições mal-intencionadas, evitando o desvio de verbas públicas,
é dever de todos; por isso, toda sociedade
deve fiscalizar a atuação das ONGs, sobretudo
daquelas que são beneficiadas com quantias em dinheiro provenientes das
diversas esferas governamentais. Isso
seria amplamente benéfico para a população: por um lado, evitaríamos a corrupção na administração de
instituições para as quais boa parte dos nossos impostos é destinada; por outro, impediríamos a generalização
de aspectos negativos, pois as entidades
bem-administradas não podem ser prejudicadas em virtude da atuação
inescrupulosa dos dirigentes de algumas ONGs. Conforme o dito religioso, é preciso separar o joio do trigo, para não incorrermos no erro de aplicar
a todas as organizações um princípio que só vale para algumas.
ATENÇÃO:
1. Agora,
observe no texto, as funções exercidas pelas palavras e/ou expressões em
destaque. Para isso, interprete os sentidos e/ou relações que essas palavras
e/ou expressões estabelecem no texto.
2. O texto acima foi elaborado em 2011, durante as aulas de Língua Portuguesa, no IF Baiano, campus Senhor do Bonfim.
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